Opinião
Quem é quem?
Evoti Leal
(Barbeiro e escritor)
Depois de ouvir muitas vezes, com muita atenção, as letras das músicas "Herói calado" (1992) e "Todo mundo é alguém" (1988), ambas gravadas por Roberto Carlos e de sua autoria em parceria com seu querido amigo de fé, irmão e camarada, Erasmo Carlos (o saudoso Tremendão da velha Jovem Guarda), comecei a olhar mais atentamente para as pessoas por quem passo na rua, nos lugares aonde vou, ou, que estão num raio em que os meus olhos conseguem alcançar com certa facilidade.
Percebo dessas pessoas os movimentos, o que estão fazendo naqueles exatos momentos, como elas estão vestidas, mas sem julgá-las pelo que vestem, é claro; se estão paradas ou andando, se andando depressa ou devagar, se estão sozinhas ou acompanhadas.
Se estão em um grupo, desde que me sobre um tempinho, observo cada pessoa do grupo, seus gestos, suas reações.
Às vezes fico imaginando, mesmo depois de seguir os meus passos e elas os seus caminhos, as histórias que estão guardadas dentro do coração de cada uma delas. Quanta experiência vivida por cada um desses corações. Imagino lutas, sofrimentos, alegrias, vitórias, sonhos, esperas.
Não que eu me detenha em cada pessoa, querendo adivinhar toda a sua vida: como foi, como está sendo ou como será. Eu simplesmente imagino que ali, naquela figura humana, tem uma história sendo escrita e vivenciada. E penso o quanto devo respeitar essa pessoa, sejam quais forem seus acertos e seus erros, pois eu mesmo já errei e acertei muitas vezes, sempre querendo fazer o melhor e nem sempre o conseguindo, por conta de minhas limitações.
Estamos todos na condição de aprendizes e somos todos almas adolescentes, independente da idade biológica de cada um de nós.
Estou começando a entender que, de fato, somos todos irmãos, morando na mesma Casa (este Planeta), filhos da mesma Mãe (Natureza - Deus), criadora das nossas vidas, de todas as formas de vida e de tudo o que há nos Universos, macro, micro, nano ultra; até nos espaços aparentemente vazios, isto é, puramente energéticos.
Como não respeitar a história de cada um, conhecendo-a ou não, se tenho a própria história e o que mais desejo é que todos a respeitem?
"Quem é quem? Neste mundo, todo mundo é alguém". Este é um mantra que doravante irei carregar pelo resto de minha vida!
Pensando assim, vem-me à mente a mensagem contida na primeira das duas músicas citadas. Quantos heróis cruzam por mim em meus deslocamentos diários na via pública, no trânsito, por todos os caminhos onde passo.
Homens e mulheres, jovens e idosos, em busca de soluções para suas próprias vidas, em doações espontâneas para vidas alheias, num vai-vem, umas vezes arrastado, outras vezes frenético, tal como exige o mundo em que vivemos. São os heróis calados, dos quais não ouvimos os lamentos e não conhecemos as lutas.
Que tal pararmos para pensar sobre isso?
Refletir sobre as possíveis batalhas que os outros enfrentam, pode ser o caminho para descobrir como reagirmos melhor diante das batalhas que nós mesmos enfrentamos cotidianamente.
* Crônica extraída do livro O melhor de cada dia - não publicado, suplementada com novos ingredientes para esta edição.
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